Apresentação de resultados dos Projetos do INR

IMAGEM ZOOM PROJETOS INR

3 Projetos, 3 Eventos» – foi este o título de uma semana de Apresentação de Resultados de três projetos que a A2000 levou a cabo com o cofinanciamento do Instituto Nacional para a Reabilitação (INR), que fechou em grande um ano de muito trabalho na A2000.

«ESTOU AQU!»

O projeto «Estou Aqu!» foi concebido para abranger 27 pessoas nos concelhos de Murça, Armamar e Tabuaço, e focou-se num trabalho de sensibilização das comunidades locais para a temática da inclusão de pessoas com deficiência e incapacidade (PCDI), o público-alvo deste projeto.

Na apresentação introdutória do projeto, a Diretora Técnica da A2000, Marina Teixeira, frisou que se “reuniram condições para que estas pessoas possam ter acesso às oportunidades concedidas aos demais cidadãos, através da sua capacitação, nomeadamente nas TIC, inclusão social através da interação e estabelecimento de relações interpessoais na comunidade, e promoção do bem-estar”, numa sequência de atividades que explicou.

“Segundo o Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de consciência e devem agir em relação aos outros com espírito de fraternidade. Foi para tornar este direito uma realidade que se desbravou caminho através deste projeto, num processo inclusivo que nos envolve a todos! Para materializar esse caminho, o projeto «Estou Aqu!» envolveu 90 dias de atividades, 30 por concelho, nos quais foram abordados e trabalhados, em cada um dos sete meses do projeto, outros tantos temas, bem como sete direitos humanos e sete emoções”:

“Santos Populares – Festas Virtuais (via ZOOM)”, “Lendas dos Concelhos”, “Costumes do Passado e do Presente”, “Atividades Profissionais Sazonais”, “Cinema e Artes Dramáticas”, “Solidariedade” e “Fazer e Oferecer Brinquedos” foram os sete temas trabalhados, num projeto em que os direitos abordados foram Lazer, Equidade, Saúde, Trabalho, Acessibilidade e Cultura, Solidariedade e Dignidade, e as emoções a Alegria, Esperança, Entusiasmo, Orgulho, Humor, Gratidão e Amor.

Após o vídeo de apresentação de testemunhos de clientes, familiares e membros da comunidade que apoiaram na concretização das diversas atividades, a sessão de Apresentação de Resultados contemplou ainda um debate com vários representantes institucionais locais sobre o tema da inclusão e os desafios que este trabalho coloca em vários contextos.

Começando pelas autarquias, o presidente da Câmara Municipal de Tabuaço, Carlos Carvalho, frisou o orgulho na materialização de projetos inclusivos num concelho que quer ver como referência na área. Referiu que a igualdade é uma das grandes conquistas deste trabalho, feito no Município de Tabuaço, mas para dar seguimento a isso, as entidades públicas deverão assumir um peso maior neste trabalho de integração. Para Vilma Pereira, vereadora da Câmara Municipal de Murça, “a equipa deste projeto está de parabéns, porque o resultado final que nos mostra, os trabalhos que fazem e a interação social que é promovida por estes projetos deixa-nos com uma satisfação muito grande. Quando chegámos ao Município, e desde que iniciámos a parceria com a A2000, não imaginávamos que podíamos chegar tão longe no trabalho desenvolvido, até porque não tínhamos noção que o número de pessoas a apoiar era tão elevado. Estes projetos são dos maiores motivos de orgulho para o nosso Executivo Municipal, porque esta é uma área onde queremos marcar a diferença e torná-la um legado do nosso trabalho”.

Já a vereadora Cláudia Damião frisou que “o Município de Armamar quer ser um concelho cada vez mais atrativo economicamente, mas onde se proporcione a melhor qualidade de vida possível aos munícipes. E entre estes munícipes, há pessoas de carne e osso, que têm necessidades específicas, e antes de a A2000 chegar, o concelho de Armamar não dispunha de respostas nesta matéria. Hoje, criámos condições para que estas pessoas possam ser felizes e se integrem no seu meio natural de vida, sendo respeitados na sua individualidade e incluídas como merecem”.

Relativamente aos representantes da comunidade escolar, a Profª. Maria Gomes, do Agrupamento de Escolas de Tabuaço, elogiou o ambiente inclusivo que sente haver na sua escola, por parte dos docentes e discentes. O nosso Agrupamento não está preparado para receber qualquer tipo de alunos, pois deveríamos ter acesso a uma bolsa de recrutamento para contratar profissionais especializados em apoiar alunos com necessidades educativas especiais, mas, em termos humanos, temos profissionais com sensibilidade além de, por parte dos alunos, estes mostrarem muito respeito, carinho e sentido de acolhimento dos colegas com necessidades especiais, brincando com eles e integrando-os sem qualquer discriminação”, revelou.

Já o Prof. José Alexandre, do Agrupamento de Escolas de Murça, assume a inclusão como um referencial obrigatório no trabalho diário da sua comunidade escolar. “A inclusão é um ato diário, que nos deve ocupar em todos os momentos e contextos da nossa vida, e que deve reger qualquer ecossistema educativo. A inclusão é precisa para trabalhar a diversidade, até porque todos somos únicos nas nossas características, e a verdadeira inclusão implica a construção de nós, porque: juntos fazemos, em conjunto aprendemos e ligados crescemos. Com base nisso, a pessoa deve ser dignificada com a possibilidade de ganhar o seu pão e exercer a sua função social, ganhar por isso, ter autonomia e ser respeitada nas suas competências, valores que procuramos trabalhar todos os dias em contexto escolar”.

Por fim, o Prof. Joaquim Duarte, do Agrupamento de Escolas de Armamar, destacou a vontade de envolver os alunos com necessidades educativas especiais em todas as atividades realizadas. “O nosso Agrupamento está minimamente preparado para receber alunos com necessidades educativas especiais, e até dinamiza atividades desportivas e artísticas que envolvem a comunidade escolar em todo este processo inclusivo. Contudo, é importante que depois dos 18 anos estes jovens tenham o devido acompanhamento por parte da sociedade e das instituições, para que se concretize a plena integração destas pessoas em todos os domínios possíveis da sua vida”, solicita.

Por fim, houve espaço para intervenções de dois representantes de equipas CLDS locais, com a diretora do CLDS Murça, Sofia Borges, a apelar ao esforço de todos na resolução de problemas sociais estruturais que afetam as PCDI na região. “A população com deficiência ou incapacidade tem normalmente um ciclo de pobreza ou exclusão que é perpetuado há mais gerações. Cabe-nos capacitar estas pessoas de modo a fazer quebrar este ciclo e haja uma mudança. Neste processo, é importante reter que o mundo empresarial está focado na produtividade, e a velocidade com que se trabalha não é muitas vezes adaptada às pessoas que têm algum tipo de limitação. Cabe-nos sensibilizar os agentes económicos para inverter este estado de coisas e fidelizar os trabalhadores, criando emprego estável e de qualidade que dignifique estas pessoas e lhes dê maior qualidade de vida”.

Por seu turno, Jaime Igreja, do CLDS Armamar, defendeu que se deve olhar para as PCDI como ativos importantes na luta contra problemas sociais que afetam as comunidades locais. “Enquanto CLDS, temos como objetivo combater a exclusão e isolamento social sendo que, no caso das pessoas com deficiência, envolvemo-las neste processo de resolução destes problemas, dando-lhes funções de serviço de apoio à comunidade a pessoas mais idosas, entre as quais os próprios cuidadores. Com isto, procuramos valorizar as competências e potencialidades de pessoas que são, por vezes, menosprezadas quanto ao que podem fazer e que deviam ter mais recursos e oportunidades à disposição para poderem realizar-se. Cabe-nos a nós, como cidadãos, nos unirmos em prol desta causa de integrar as pessoas com deficiência no seio da sua comunidade”.

«ABRIR PORTAS»

O projeto «Abrir Portas» previa abranger 10 clientes e realizou-se em Poiares, no concelho do Peso da Régua. Através de sessões em sala, visitas a locais de interesse cultural e profissional facilitadoras do contacto com a comunidade e o tecido empresarial e iniciativas de interação virtual, o «Abrir Portas» promoveu iniciativas de estímulo à empregabilidade e inclusão socioprofissional das pessoas com perturbação de personalidade.

Para poderem participar neste projeto, os candidatos tinham de cumprir quatro pré-requisitos: ter uma perturbação de personalidade que esteja controlada medicamente; ter algum interesse em mudar os hábitos sedentários atuais; e o local de residência deveria ser nos concelhos do Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião e Vila Real.

A Diretora Técnica da A2000, Marina Teixeira, apresentou os resultados gerais do trabalho efetuado e a verdade é que o impacto já foi significativo. O projeto «Abrir Portas» visava promover o desenvolvimento de competências pessoais e de exploração do mundo profissional que, ao longo de 30 dias, distribuídos por um dia por semana em sala, abrangeu 10 pessoas (duas desistiram), das quais quatro tiveram experiências de trabalho durante um mês, uma conseguiu um contrato de trabalho, outra iniciou formação profissional, e prevemos que, a partir de janeiro, duas destas pessoas integrem o mercado de trabalho através de medidas ativas de emprego e três iniciem um processo de orientação socioprofissional”, revelou, numa evidência do sucesso na abertura de novas «portas» aos participantes.

De seguida, foi a vez de os clientes do «Abrir Portas» serem os protagonistas da sessão zoom, ao apresentarem os três temas dos conteúdos do projeto (“Desenvolvimento Pessoal”, “Empregabilidade” e “Relaxamento e Diversão”) e o filme “Vozes que Comandam o Mundo” – um filme humorístico que enalteceu a veia artística dos participantes.

Por último, o psiquiatra João Pedro Camilo, do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), fez uma apresentação com o tema “Promoção da Saúde Mental”, onde deixou recomendações para uma vida equilibrada e ajustada aos desafios do dia-a-dia. “Diariamente, estamos sujeitos a oscilações de humor e diversas ocorrências, momentos de tensão e altos e baixos na nossa vida, às quais temos que nos adaptar, aceitando as dificuldades que surgem na nossa vida. Ter um estilo de vida saudável, aproveitar o tempo livre para fazermos coisas que nos deem prazer, limitar as preocupações e inquietações que diversas vezes provêm de notícias que vemos e ouvimos e consideramos perturbadoras, e partilhar os nossos receios com alguém em quem confiemos são fundamentais para podermos gerir e reajustar melhor os nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Todos temos capacidades e competências que já nos ajudaram no passado a lidar com situações adversas. Recorramos sempre a essas ferramentas, pois somos mais fortes do que aquilo que julgamos!”.

«ACESSÍVEL A TODOS»

O sítio web da A2000 tinha cerca de 12 anos e não cumpria as normas de acessibilidade do Decreto-Lei nº 83/2018 de 19 de outubro, obviamente que tornar o sítio acessível tem custos, e perante as múltiplas solicitações das IPSS´s, o sítio Web vai ficando no final da “lista de prioridades”.

Graças ao cofinanciamento proporcionado pelo Programa de Financiamento a Projetos do INR, I.P., finalmente, a A2000 conseguiu tornar-se mais inclusiva, também ao nível do sítio web.

Se compararmos com outras entidades do mesmo âmbito verifica-se que são poucas as que já têm o sítio acessível, mas a A2000 sente muito a necessidade de contribuir, a todos os níveis, para um mundo cada vez mais inclusivo.

Tecnicamente o sítio web da A2000 tinha necessidade de remodelação a 4 níveis:

a) Percetibilidade: apresentação aos utilizadores da informação e dos componentes da interface de utilizador, de modo a que eles os possam percecionar;

b) Operabilidade: assegura que os componentes e a navegação na interface de utilizador são acionáveis;

c) Compreensibilidade: garantia de que a informação e a operação da interface de utilizador é de fácil compreensão;

d) Robustez: apresentação de conteúdos suficientemente sólidos para que possam ser interpretados de forma fiável por uma ampla gama de agentes de utilizador, incluindo as tecnologias de apoio.

E, com a remodelação, pretendia-se que o sítio Web da A2000 respondesse a todos os requisitos de Usabilidade e Acessibilidade da Agência de Modernização Administrativa, expressos na Ficha Técnica do Kit do Selo de Usabilidade e Acessibilidade, isto é, no final da intervenção, o sítio Web deveria responder positivamente em termos de:

1) Clareza do conteúdo

2) Usabilidade do conteúdo

3) Estrutura da navegação equilibrada, facilitadora, coerente em todo o sítio

4) Estrutura da informação com layout adaptável e índices no topo

5) Elementos interativos acessíveis a todos os equipamentos, facilmente acionáveis e com elementos gráficos percecionáveis/destacados

6) Usabilidade e acessibilidade ao nível de: Formulários e Campos; Respostas; Erros; Menus de navegação; Títulos e subtítulos; Tabelas de dados; Formulários; Gráficos e imagens-link; Contraste; Players; Estrutura da página; Sintaxe de html e Ficheiros pdf

A empresa Bleam, de Vila Real, ganhou o concurso e foi quem procedeu a toda a renovação do sítio Web da A2000. Posteriormente, recorrendo à ferramenta “accessMonitor – validador de práticas de acessibilidade web”, do sítio “acessibilidade.gov.pt” verificámos que o nosso sítio Web obteve pontuação máxima (10) em termos dos critérios oficiais de acessibilidade, mas faltava o confronto final com os utilizadores humanos.

Assim, no dia 31 de dezembro realizámos um evento digital, via Zoom, onde abrimos ao público o sítio Web e realizámos exercícios para analisarmos o grau de acessibilidade. Convidámos o dono da Bleam (Fábio Leirós) e os associados da ACAPO (Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal) de Vila Real – estiveram presentes 3 – Emídio Nogueira, Isabel Claro e João Oliveira, que proporcionaram um contributo precioso para aprimorar alguns pormenores.

As ferramentas de acessibilidade do sítio funcionaram adequadamente para as pessoas com baixa visão. Mas, no caso das pessoas cegas, estas recorrem a uma aplicação de leitor de ecrã que é o NVDA (Non Visual Desktop Access) e pudemos assistir aos procedimentos que as pessoas cegas têm de executar e como é que o NVDA lê/ informa sobre o que aparece no ecrã.  

Percebemos que em algumas ações deveria haver um pequeno sinal sonoro associado e que noutras se poderá diminuir o número de “clic´s” para que seja mais fácil o acesso.

Obviamente que foi uma estreia, sem ensaios prévios, e com a agravante de ser por Zoom, pelo que ficou combinado uma utilização presencial com a Isabel Claro e o João Oliveira, na presença do técnico de Web Design da Bleam para, em conjunto, encontrarem as melhores soluções.

Tal como disse Fábio Leirós, no evento digital, desenhar um sítio Web acessível a cegos, surdos e pessoas com dificuldades na motricidade fina limita em termos da estética criativa que o sítio poderia comportar, o que tornou este projeto muito desafiante ao nível da conjugação da acessibilidade técnica com a beleza estética. Porém, ao ver, no evento digital, as pessoas cegas entrarem nos menus, acederem aos conteúdos e executarem ações no sítio da A2000, foi um prémio que compensou todo o esforço.

Em termos de projeto de remodelação do sítio Web por forma a torná-lo tecnicamente acessível a pessoas com diferentes incapacidades, o objetivo cumpriu-se. Mas, porque somos ambiciosos, a nossa meta é candidatá-lo ao Selo de Usabilidade e Acessibilidade da AMA (Agência para a Modernização Administrativa) – ambicionamos o de Ouro, pois o de Prata sabemos que será fácil!

Portanto, estejam atentos porque o sítio Web da A2000 ainda vai dar que falar! Claro que tudo isto envolve muito trabalho de bastidores, pois como diariamente produzimos conteúdos para o sítio Web, isso envolve que haja vários procedimentos novos, por exº, todas as fotografias têm que ter uma legenda descritiva do que se vê – objetos, cores, movimentos, emoções, clima, etc. – e todos os vídeos têm de ter legendas…

Enfim, sempre a enfrentar novos desafios, é essa a senda da A2000!

Gonçalo Novais, Técnico

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