Conferências online da A2000 – “Empregabilidade para Todos” e “Direito de Ser”

Conferência online

Foi nos dias 28 e 29 de dezembro que a A2000 organizou duas conferências online que assinalaram a conclusão dos projetos “Empregabilidade para Todos” e “Direito de Ser” em parceria com as Câmaras Municipais de Armamar, Murça e Tabuaço – cofinanciados pelo Instituto Nacional para a Reabilitação (INR).

Na primeira das duas conferências, focou-se o projeto “Empregabilidade para Todos” – que envolveu dois municípios (Tabuaço e Murça) e teve 12 participantes. A sua finalidade foi capacitar e dar visibilidade ao potencial de empregabilidade dos participantes, favorecendo a inclusão profissional. Em sala, procurou-se desenvolver as competências sociais e pessoais, e aumentar a vivência social e profissional, através do convívio e da saída do isolamento. Além disso, os participantes foram ajudados a decidir, a aprender a distinguir entre o que é e não é importante e assim começar a desenhar um percurso profissional futuro.

Presente na conferência, o presidente da Câmara Municipal de Tabuaço, Carlos Carvalho, considerou este projeto como um reflexo do importante trabalho feito pela A2000 na área social do seu concelho. “Num ano diferente, de confinamento, pudemos ter uma pequena perceção das dificuldades, em termos de isolamento, que este público vive habitualmente, a todos os níveis. Neste sentido, enaltecemos a importância da A2000 que, ao longo destes anos, nos ajudou a definir e seguir um caminho que tem contribuído para a capacitação e integração de públicos mais desfavorecidos, numa lógica de promover a inclusão e igualdade de oportunidades a munícipes nossos. Estas são das «obras» mais importantes que podemos levar a cabo, na medida em que mexem com a concretização e realização pessoal dos nossos cidadãos”.

Para Vilma Pereira, vereadora com o pelouro da Ação Social e Saúde do Município de Murça – que muito se tem destacado pela positiva ao nível da inclusão profissional de pessoas com deficiência e incapacidade (PCDI) – “o balanço destas atividades é muito positivo, porque sentimos que fazemos a diferença num público-alvo para o qual havia um vazio muito grande de respostas sociais. Juntamente com a A2000, conseguimos fazer um levantamento de informações que não tínhamos e sentimos que estamos a contribuir para um dia-a-dia melhor para estas pessoas, algumas delas já integradas no mercado de trabalho”, frisou.

Quem também interveio foram as técnicas da A2000 afetas a este projeto, Olinda Coutinho, Patrícia Maçãs e Paula Conceição, que enalteceram a evolução dos seus clientes. “Quando iniciámos este projeto, percebemos que os participantes não tinham ideia do que gostariam de fazer e muitos deles nem sequer ponderavam ter um emprego. Com o tempo, e como se constatou nos vídeos projetados durante a conferência, percebemos que os participantes apresentam, agora, uma visão muito mais estruturada do que querem fazer e já têm noção do tipo de trabalho que se acham capazes de exercer. Além de se descobrirem, os clientes destes projetos têm uma melhor noção do que gostam e conseguem realmente fazer”.

Além de um vídeo que resumiu a atividade, os trabalhos dos grupos e os testemunhos dos clientes ao longo do projeto, a sessão foi ainda marcada pela apresentação da Ana Antunes – Coordenadora do Centro de Recursos para a Inclusão Profissional (CRIP) da A2000 – que explicou quais os programas e medidas específicas de apoio aos PCDI, ou seja, as medidas de emprego apoiado (Estágios Inserção, Contrato Emprego-Inserção e Contrato de Emprego Apoiado em Mercado Aberto), de adaptação dos postos de trabalho e eliminação de barreiras, produtos de apoio e programas de apoio técnico, neste caso o Centro de Recursos promovido pela A2000 que implementa três medidas: Informação, Avaliação e Orientação para a Qualificação e Emprego – IAOQE; Apoio à Colocação; e Acompanhamento Pós-Colocação.

Na segunda conferência, abordou-se o projeto “Direito de Ser”, que envolveu 22 clientes dos municípios de Armamar, Murça e Tabuaço. O tema Direitos Humanos e da Pessoa com Deficiência, foi o mote para a discussão do estado atual de cumprimento dos direitos das PCDI no nosso país e nas comunidades locais.

Na abertura da conferência falou a vereadora com o pelouro da Ação Social, da Câmara Municipal de Armamar, Cláudia Damião, que enalteceu o trabalho da A2000 no sentido de “encontrar e dar oportunidades a pessoas da comunidade que depois se tornam cidadãos incluídos, integrados e felizes”, numa sessão que voltou a contar com a intervenção da vereadora do Município de Murça, Vilma Pereira, que reforçou a mensagem do dia anterior, sobre a importância da A2000 no trabalho realizado na área social que, segundo a autarca, tem conhecido um franco desenvolvimento nos últimos anos.

Foi projetado o vídeo de balanço do projeto, com apresentação dos trabalhos alusivos a todos os direitos, com os testemunhos de clientes e familiares e a exposição da Cidade Ideal, um dos trabalhos mais marcantes do projeto e que consistiu na idealização de uma “cidade” plenamente ajustada a todos os cidadãos, independentemente das suas características e necessidades de mobilidade e acessibilidade.

No final intervieram três convidados, que na primeira pessoa, falaram sobre aquilo que vivem e sentem acerca do respeito pelos seus direitos, no país e na comunidade.

Mestre em Enfermagem Familiar pela UTAD e enfermeira de Unidade de Saúde Familiar do Douro – Peso da Régua, Paula Monteiro aludiu à sua experiência profissional para referir que nem sempre é fácil o acesso dos utentes com deficiência a cuidados de saúde mais especializados.

No entanto, houve evolução e elogiou o investimento nos cuidados de saúde primários, que beneficia pessoas com deficiência, por força da existência de equipas multidisciplinares, que conseguem intervir nos vários domínios da vida do utente e facilitam tanto o encaminhamento para a especialidade como o envolvimento de várias entidades na resolução dos problemas das pessoas, salientando, no entanto, ser importante que haja maior investimento do Estado para ter um número de profissionais suficientes para dar assistência à pessoa com deficiência e à família no seu ambiente, até porque, no caso da deficiência, esta altera toda a organização do agregado familiar e todos têm que se adaptar, tanto a nível de espaço, como das tarefas e rotinas.

O Psicólogo Clínico Mário Gonçalves, que também é coordenador da Associação Centro de Vida Independente (CVI) e Diretor Técnico do Centro de Apoio à Vida Independente (CAVI), falou na promoção da vida independente como a única alternativa ao cansaço e desgaste familiar e à vida institucional, e como garante da dignidade, liberdade, autonomia e autodeterminação das pessoas com deficiência. Para este orador, “o empoderamento é um conceito-chave para tornar a pessoa com deficiência mais reivindicativa. O empoderamento é simultaneamente um processo individual e coletivo, pois o objetivo é a consciencialização de que todos os sujeitos têm o direito de conduzirem as suas vidas e emanciparem-se. Salientou que é importante que se perceba que a pessoa com deficiência vive em situação de opressão social; é necessário ter consciência que há desigualdade na distribuição de poder e recursos e, portanto, há necessidade de aumentar o poder de agir”.

Através da enumeração de indicadores obtidos pelo Observatório da Deficiência e Direitos Humanos, percebeu-se que a realidade atual da vida dos PCDI é muito discriminatória, principalmente no que se refere às áreas de pobreza, profissional e na participação destas pessoas na vida social – começando logo nos obstáculos ao nível da acessibilidade e mobilidade – em particular no interior do país.

Mário Gonçalves apelou à consciência grupal e luta no coletivo, para que sejam obtidos ganhos coletivos no assegurar dos direitos das PCDI, conjugando esforços e interesses de pessoas com vários tipos de deficiência, como forma de obter os direitos que lhes são sonegados.

Por fim, o Psicólogo Gonçalo Novais, que também é treinador desportivo, jornalista e dirigente associativo, aproveitou a sua intervenção para pedir às entidades e instituições uma maior congruência entre as palavras e as ações, entre os discursos inclusivos e a prática política e, exortou os PCDI a envolverem-se e participarem mais no processo político e democrático das suas comunidades, com o intuito de assegurar que as suas preocupações se tornem importantes na agenda política.

Muito mais haveria para dizer sobre Direitos, ficou o compromisso, por parte da A2000, de que no próximo ano, as ações de empoderamento das PCDI continuarão, para que esses direitos se tornem cada vez mais uma realidade diária e não apenas uma intenção.

Gonçalo Novais, Técnico da A2000

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