Em tempos de pandemia, o regresso à escola… E agora?

Folheto da DGS que ilustra as medidas preventivas da propagação da covid em creches

Foi há dois meses e meio que a rotina se virou do avesso. Acabou-se a agitação matinal de levar as crianças a tempo à creche ou jardim de infância, as horas de brincadeira com os seus amigos, as idas aos parques. O vírus que surgiu não permitia, em contrapartida deixou de faltar tempo para estar com os filhos, 24h sobre 24h.

Agora em fase de desconfinamento gradual e de regresso à rotina habitual, começam também os receios dos pais em deixar os seus filhos nas creches e jardins de infância e, apesar das regras e medidas de higiene e segurança, ainda persistem muitas incertezas, sobre o retorno das crianças à escola.

Faz parte da pedagogia, ensinar às crianças até aos três anos, a partilhar os brinquedos e materiais didáticos, contudo essa partilha passa a não ser possível, nada será como antes: máscaras todo o dia, limpeza redobrada, distanciamento social…

É preciso fazer o caminho inverso, mas os primeiros passos nunca são fáceis, as instituições, também em fase de adaptação a esta nova realidade, encontram-se a adotar medidas de prevenção, por forma a tentar proteger tudo e todos, tais como:

– Medição diária da temperatura das crianças e funcionários;
– Dispensador de solução à base de álcool para as pessoas desinfetarem as mãos à entrada e à saída da creche e nas salas de atividades;
– Todos os funcionários têm de usar máscara cirúrgica de forma adequada, ou de qualquer equipamento que confira uma proteção igual ou superior (ex.: viseira com máscara);
– Antes de entrar ao serviço, os funcionários deverão desinfetar as mãos, trocar de roupa e calçado, voltar a desinfetar as mãos;
– Desinfeção/ lavagem frequente das mãos;
– Higienização constante de todas as zonas;
– Sempre que possível, optar por espaços livres (jardins, pátios), em detrimento dos espaços fechados (em regime rotativo dos grupos);
– Calçado extra para as crianças (de uso exclusivo na creche, devendo ser higienizado, todos os dias, após a saída da criança), os funcionários deverão cumprir a mesma orientação;
– Assegurar, sempre que possível, que as crianças não partilham objetos ou que os mesmos são devidamente desinfetados entre utilizações;
– Garantir a redução do número de crianças por sala (por forma a maximizar-se o distanciamento entre as mesmas, sem comprometer o normal funcionamento das atividades lúdico-pedagógicas);
– Procurar manter o distanciamento físico de 1,5 a 2 metros entre crianças (mesas, berços, cadeiras, colchões/ camas);
– Evitar que o material didático seja partilhado entre as crianças, sendo higienizado, sempre que necessário;
– As crianças e funcionários devem ser organizados em salas fixas (a cada funcionário deve corresponder apenas um grupo), bem como os espaços, de forma a evitar o contacto entre pessoas de grupos diferentes;
– Definir horários de entrada e de saída desfasados, para evitar o cruzamento de grupos de pessoas que não sejam da mesma sala;
– Definir circuitos de entrada e saída da sala de atividades para cada grupo, evitando o cruzamento de pessoas;
– À chegada e saída da creche, as crianças devem ser entregues/recebidas individualmente pelo seu encarregado de educação, ou pessoa por ele designada, à porta do estabelecimento, evitando, sempre que possível, a circulação dos mesmos dentro da creche;
– Pedir aos encarregados de educação que não deixem as crianças levarem brinquedos ou outros objetos não necessários, de casa para a creche;
– Confirmar junto dos encarregados de educação, contactos de emergência;
– A funcionária que receber as crianças, deve usar máscara, bata e deve desinfetar sempre as mãos, antes e após receber ou entregar cada criança;
– Sempre que possível, manter a ventilação e arejamento das salas e corredores dos estabelecimentos;
– Antes do consumo das refeições, as crianças devem lavar as mãos e ser ajudadas para a sua realização de forma correta;
– No refeitório, os lugares devem estar marcados, de forma a assegurar o máximo de distanciamento físico possível entre pessoas;
– Deve ser realizada a adequada descontaminação das superfícies utilizadas entre trocas de turno (mesas, cadeiras de papa, entre outras);
– Criação de espaços “sujos” e espaços “limpos” e estabelecer diferentes circuitos de entrada e de saída, bem como de acesso às salas, sempre que possível;
– Assegurar cuidados especiais na troca das fraldas, com higienização das mãos dos profissionais e da criança, bem como da bancada de muda fraldas, antes e depois de cada utilização;
– Possuírem espaços de isolamento, em caso de doença;
– Gestão de recursos humanos (substituição de funcionários caso seja necessário, por motivo de doença, prestação de cuidados a familiares ou por necessidade de isolamento).
– Todo o espaço deve ser higienizado de acordo com as Orientações da DGS, incluindo brinquedos (os brinquedos que não puderem ser lavados, deverão ser removidos da sala, assim como todos os acessórios não essenciais para as atividades lúdico-pedagógicas), puxadores, corrimões, botões e acessórios em instalações sanitárias, teclados de computador e mesas.

Estes são hábitos que também, nós pais, temos que adotar nos nossos espaços, nas nossas casas, sempre que possível (chegar a casa mudar de roupa, de calçado, higienizar as mãos e todos os materiais que transportamos para o nosso ambiente).

Considera-se que a situação que vivemos e a especificidade de cada contexto implicam, necessariamente, uma flexibilidade e adequação na organização das rotinas, dos espaços, dos materiais, das atividades e dos recursos.

As mudanças nem sempre são fáceis, mas as crianças também se sabem adaptar e são mais fortes do que nós imaginamos.

Todos nós temos que dar a conhecer às crianças, as novas regras de convivência social, fazê-las entender a importância destas novas rotinas, de forma a maximizar o seu bem-estar, segurança e o direito de brincar. Para isso temos que ajudá-las, estando atentos às suas dúvidas, angústias, necessidades.

Esta é uma nova realidade que temos de nos habituar, uma realidade muito diferente e que requere muitas adaptações, mas temos que tentar fazer o nosso melhor, em prole de nós, dos nossos filhos, da nossa família, dos nossos amigos… Proteja-se a si e proteja os outros e tudo vai ficar bem!

Vânia Pereira, Técnica Superior de Serviço Social

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