O interior do interior…

António Ribeiro, presidente da A2000

Sempre vivi no interior deste país maravilhoso que é Portugal e considero-me uma das pessoas privilegiadas pela facilidade com que acedo a todos os bens considerados básicos (casa, alimentação, educação, transportes, etc). 

E é neste sentido que achei a redução do valor dos Passes Sociais uma medida assertiva e justa para quem não tem ou não utiliza o carro próprio para se deslocar principalmente para o trabalho, a escola ou a formação. Mas afinal estava claramente enganado, pois essa medida só teve um impacto positivo brutal nos grandes Centros Urbanos, o que a torna ainda mais claramente injusta e discriminatória para as pessoas que vivem no interior. Neste interior, a redução insignificante do valor dos Passes Sociais acumula com a inexistência de transportes públicos.!

Neste interior esquecido e em desertificação, existem transportes públicos apenas de manhã das aldeias para as sedes de Concelho e à noite das sedes de Concelho para as aldeias . Nalguns casos, aquele transporte apenas existe durante os períodos escolares. Ora, é impensável e praticamente impossível querermos que as pessoas se mantenham no interior, nas aldeias, e continuarmos a ver (sem nada fazer) esta situação injusta e discriminatória face aos nossos concidadãos que residem nos grandes centros urbanos. Todos temos os mesmo direitos e deveríamos ter as mesmas oportunidades, mas isto é mesmo só teoria! Na prática não é assim… como na prática não vi nenhum deputado eleito pelo interior do país a manifestar-se contra a injustiça e discriminação duma medida que apenas abrange uma parte dos portugueses. Repito, no interior de Portugal não existem transportes públicos adequados, nem compatíveis com as necessidades mais básicas da população residente, como é o caso das necessidades de deslocação para o trabalho e para a formação. Não existem nem caros nem baratos. Não existem!

Olhando para o interior do interior, com exceção da paisagem e do ar puro, tudo é mais difícil, mesmo reclamar é mais difícil. Dá até impressão que quem manda neste país não nos enxerga! Temos que ser mais ativos e mais proactivos, temos que olhar por nós, temos que ser nós a resolver e a ditar a satisfação das nossas necessidades. Temos que aprender a olhar para o interior deste interior e vermo-nos a nós…

António Ribeiro, Presidente da Direção 

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