Neste editorial do mês de agosto partilho convosco uma história verídica (não sei se verdadeira) que li em qualquer lado e gostei. É uma história pequenina, mas carregada com uma mensagem grandiosa sobre interajuda, humanismo e solidariedade que nos pode ajudar a refletir, não só nos tempos atuais e nas guerras que correm e se alimentam pelo mundo, mas também sobre alguns conceitos da natureza humana e o feedback das boas e das más ações perpetradas pelos homens.
Ora leia-se e reflita-se…
Anton era judeu e dono de uma das padarias mais famosas da Alemanha. Sempre que lhe perguntavam como havia sobrevivido ao Holocausto, ele respondia com uma história que fazia todos silenciarem:
Quer saber por que ainda estou vivo?
Quando eu era adolescente, fomos amontoados num comboio rumo a Auschwitz. Passamos dias sem comida, sem água, sem cobertor. A neve caía sem parar. O frio cortava como lâminas. A morte rondava cada canto daquele vagão.
Ao meu lado, um velho tremia sem cessar. Eu também estava congelando, mas segurei suas mãos com as minhas, esfreguei seu rosto, suas pernas, abracei-o a noite inteira. Falei com ele, implorei para que resistisse, para que não desistisse.
Quando o sol nasceu, um choque me atravessou: todos no vagão estavam mortos, congelados. Todos… menos nós dois. Ele sobreviveu porque eu o mantive aquecido. E eu sobrevivi… porque tive alguém a quem aquecer.
E Anton concluía com voz firme: “O segredo da vida está em aquecer o coração dos outros. Quem aquece, também se aquece. Quem ajuda alguém a viver… encontra o verdadeiro motivo para continuar vivendo.”
António José Ribeiro, Presidente da Direção da A2000