A integração profissional da Rute Costa nas Caves Santa Marta Vinhos e Derivados CRL representa um percurso de esforço, aprendizagem e inclusão, construído em estreita colaboração entre a A2000 e a entidade acolhedora. Inicialmente, a jovem frequentou formação profissional destinada a pessoas com incapacidade e, neste âmbito, realizou formação prática em contexto de trabalho na entidade supracitada. Tendo em consideração o bom desempenho profissional da Rute, a Direção das Caves Santa Marta Vinhos e Derivados CRL recebeu com abertura a possibilidade de a integrar profissionalmente através de um Estágio Inserção.
No seu posto de trabalho, a Rute assume um papel ativo no processo de engarrafamento. O seu testemunho deixa transparecer o orgulho e o sentido de responsabilidade que coloca em cada tarefa. “Faço tanta coisa”, conta, explicando o seu dia-a-dia: colocar as garrafas de cântaras sobre as mesas de trabalho, proceder ao enchimento manual através de mangueira até à marca certa, colocar rolhas, apoiar na aplicação de rótulos, colar o selo do Porto — tarefa que exige, como refere, “muito cuidado”. Seguem-se as cápsulas, o aquecimento do ferro para lacrar, a montagem das caixas individuais, a organização das caixas maiores e a preparação das paletes até formarem uma “pirâmide alta”. Todo este trabalho culmina na plastificação final, que prepara o produto para comercialização.
Quando apoia no trabalho mecanizado, fá-lo sempre acompanhada, uma vez que se tratam de funções que exigem monitorização constante. Ainda assim, participa ativamente: “Puxo as garrafas para a frente, deito o lixo fora, vigio o funcionamento das máquinas.” Sobre o que mais gosta, a Rute responde de imediato: “Estar com as colegas e fazer as minhas tarefas.” A partilha humana, a rotina e o sentimento de pertença são para si aspetos tão importantes quanto o próprio emprego.
A entidade, na pessoa da Dra. Aida Borges, confirma que a adaptação da cliente “tem sido positiva”, destacando o empenho e a disponibilidade da jovem para aprender e integrar-se na equipa. A responsável recorda que a possibilidade de recorrer a uma medida ativa de emprego surgiu com a apresentação do programa por parte dos colaboradores da A2000, e que a decisão de integrar uma pessoa com deficiência assenta num princípio claro: o compromisso de ser uma empresa aberta à comunidade. “Para que isso aconteça”, refere a Dra. Aida Borges, “é importante que, para além do fator económico, a empresa também tenha responsabilidades sociais.”
Sobre o contributo que uma pessoa com incapacidade pode trazer ao trabalho diário, a entidade expressa uma convicção profunda: estes trabalhadores “são capazes de inspirar os outros”, porque o seu esforço para ultrapassar dificuldades promove equipas mais resilientes. Acreditam ainda que a convivência e o trabalho conjunto fortalecem valores fundamentais como a tolerância, a aceitação e o respeito pela diferença – bases essenciais para a igualdade.
Quanto ao acompanhamento prestado pela A2000 ao longo de todo o processo, a entidade é clara ao afirmar que tem sido “total”: visitas regulares, acompanhamento próximo da integração e esclarecimento constante de dúvidas, garantindo que todo o percurso se desenvolve com segurança e confiança.
Para a Rute, esta experiência trouxe mudanças significativas. “Ajudou-me a ter um emprego e a confiar em mim para fazer as minhas coisas. E a controlar a minha ansiedade.” A jovem partilha que a sua situação financeira melhorou, que ganhou estabilidade e que encontrou colegas que a apoiaram no seu percurso e contribuíram para superar dificuldades anteriores. E deixa uma mensagem especialmente emotiva, que fez questão de acrescentar: “Se a minha mãe estivesse aqui, ficava feliz por eu ter um trabalho e colegas que são boa gente.”
A Dra. Aida Borges reforça, por fim, um apelo às empresas que ponderam integrar pessoas com algum tipo de incapacidade: “Não tenham receio. As pessoas com deficiência só precisam de um pouco mais de atenção. Encontrando-se devidamente acolhidas e motivadas, conseguem executar as tarefas que lhes são propostas. À entidade patronal, compete oferecer a oportunidade, o incentivo e o respeito.”
A história da Rute evidencia exatamente isso: quando existe oportunidade, acompanhamento e humanidade, a inclusão transforma-se em progresso – para a pessoa, para a equipa e para toda a comunidade.
Margarida Pinto, Psicóloga da A2000





