Se tu fosses eu?  

Acessibilidade

Neste mês de agosto, elegemos o Direito à Acessibilidade que, segundo a “Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência” (versão Leitura Fácil, realizada pela FENACERCI), significa: “fazer com que as informações sejam fáceis de perceber e que as pessoas possam ir a todos os lugares”.

Começámos por fazer uma pequena pesquisa sobre a acessibilidade, onde percebemos que este direito fundamental é talvez um dos que é mais esquecido, principalmente pelos organismos públicos que têm leis sobre a Acessibilidade Arquitetónica que frequentemente não cumprem.

É este direito que permite às pessoas com deficiência o acesso em segurança e autonomia a espaços públicos, comerciais e habitacionais, aos transportes e, também, o acesso à informação. Apesar de estarmos mais conscientes das barreiras arquitetónicas – porque são visíveis –, são as barreiras psicológicas e de mentalidade as mais difíceis de ultrapassar, que se manifestam na forma como vemos e comunicamos com as pessoas com deficiência ou incapacidade.

Neste mês, conjugámos com o Direito à Acessibilidade o desafio de andar em cadeira de rodas. Realizámos um cartaz com alguns exemplos de “equipamentos” que facilitam a acessibilidade no dia a dia de pessoas com deficiência motora, como, por exemplo, rampas nas piscinas, rampas adequadas nos edifícios, carrinhos de compras adequados, cadeiras de rodas adequadas nas praias e informação nos serviços em braille, bem como o ensino generalizado da Língua Gestual Portuguesa, por forma a tornar acessível não apenas os edifícios, mas principalmente a informação. Por isso, iniciámos, também, a aprendizagem da Língua Gestual Portuguesa. Começámos por aprender os números e algumas formas de cumprimentos.

Fomos, então, desafiar os transeuntes dos nossos concelhos a colocarem-se no lugar de uma pessoa que vive o seu quotidiano numa cadeira de rodas. Não pensem que foi fácil, tivemos várias recusas, percebemos que as pessoas até sabem que é difícil andar de cadeira de rodas, mas preferem pensar que esse problema não é delas, nem têm responsabilidade sobre isso. Mas, na realidade, o problema é de todos porque qualquer um de nós pode ter uma doença, um acidente ou, simplesmente, envelhecer e precisar de uma cadeira de rodas!

Obviamente, também encontrámos pessoas colaborantes e que se disponibilizaram a participar no desafio: realizámos o exercício com a proprietária de um salão de estética, com os funcionários do Posto de Turismo, do museu MIDU e da CPCJ.

Percebemos, assim, que em alguns locais que até possuem estruturas que visam a acessibilidade das pessoas com mobilidade reduzida, ao passar ao exercício prático verificou-se que nem sempre foi possível a deslocação de forma autónoma dos que se voluntariaram vivenciar a experiência de mobilidade condicionada, ou porque a rampa não tem o declive adequado, ou porque os elevadores não funcionam, ou porque os espaços de corredor são demasiado estreitos.

No final de cada desafio, os participantes convidados partilharam as sensações vividas, referindo que pensavam que seria mais fácil e que achavam que as rampas eram acessíveis (só que devido à forte inclinação, o esforço exigido é imenso), e mencionaram ainda a importância deste desafio para se ter uma consciência mais exata das dificuldades, além de referir que todas as pessoas o deveriam fazer!

Aproveitámos estes desafios para ensinarmos a dizer “Bom dia/ boa tarde/ boa noite” em Língua Gestual Portuguesa. Foram entregues as lembranças e a declaração de compromisso aos participantes do desafio, que se comprometeram a sensibilizar a população sobre esta temática, ajudar a divulgar o nosso projeto “Se tu fosses eu?” a familiares e amigos e, no caso do Posto de Turismo, a fazer uma pesquisa de alojamentos e restaurantes acessíveis, na região, para fomentar as condições para que os direitos das pessoas com deficiência sejam respeitados.

O projeto “Se tu fosses eu?” é cofinanciado pelo Programa Nacional de Financiamento do INR, I.P. e tem a finalidade de despertar a comunidade para outras realidades: a realidade da pessoa com deficiência (visual, auditiva, motora, intelectual). Experimente por 5 minutos não poder exercer algum dos seus sentidos/capacidades! 

Marina Teixeira, Diretora Técnica

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