Se Tu fosses eu?

Se Tu fosses eu

Este projeto, cofinanciado pelo Programa de Financiamento a projetos pelo INR, I.P., decorreu entre julho e dezembro, um dia por semana, em 3 concelhos: Armamar, Murça e Tabuaço. Envolveu 26 dias de atividade em cada concelho, sendo a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência – proclamada pela ONU em 2006 e vigente em Portugal desde 30/03/2007 – o pilar do trabalho realizado, pois a finalidade deste projeto era colocar os Direitos das pessoas com deficiência ou incapacidade no quadro das prioridades da comunidade.

Assim, escolheram-se nove dos 30 Direitos, em função da importância atribuída pelos técnicos e grupo de participantes, a saber:

– Equidade

– Acessibilidade

– Saúde

– Expressão/Participação

– Família

– Educação

– Dignidade

– Trabalho

– Cultura

A metodologia adotada mensalmente foi a seguinte: para cada mês foi selecionado um ou dois Direitos. Num primeiro momento, os participantes aprofundaram o seu conhecimento e debateram sobre esse(s) direito(s); depois realizavam um folheto com informação relacionada à temática, elaboravam um cartaz sobre o(s) Direito(s) e dirigiam-se à comunidade para desafiar as pessoas a colocarem-se no papel de uma pessoa com deficiência e desempenharem as suas atividades com essa limitação.

No conjunto dos três concelhos, foram desafiadas 55 entidades públicas ou empresas privadas: Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, CTT, Centros de Saúde, Tribunal, Postos de Turismo, Serviços de Ação Social, Biblioteca, Agrupamentos de Escolas, Farmácias, Cabeleireiras, Restaurantes, Cafés, Dentistas, Clínicas, Ginásios, Escola de Música, Floristas, Esteticistas, Museu, etc.

A cada desafio do “Se tu fosses eu?” associou-se um tipo de deficiência: visual, auditiva, intelectual, motora (membros superiores e paraplegia), e por isso as pessoas desafiadas andaram de cadeira de rodas, usaram venda nos olhos e tentaram orientar-se com uma bengala, usaram auscultadores nos ouvidos enquanto tentavam comunicar, jogaram hóquei ou tentaram trabalhar com um braço preso ou com uma perna imobilizada, tentaram compreender um texto complexo, mas em português, etc., sempre com o objetivo de perceberem que, quando temos uma limitação física ou cognitiva, é fácil vermos as nossas oportunidades transformadas em obstáculos e os nossos Direitos transformados em impedimentos, muitas vezes apenas pelo preconceito de que se temos uma deficiência não podemos fazer determinadas coisas porque sozinhos é difícil. É neste ponto que entra o alerta para a mudança de atitude discriminatória da comunidade. Veja-se este exemplo simples: se uso cadeira de rodas não posso subir escadas, então não posso entrar em vários edifícios, e a comunidade aceita isto como uma verdade inexpugnável. Uma atitude inclusiva da comunidade é: se há um edifício com serviços abertos a qualquer cidadão e a pessoa com deficiência também é um cidadão de direitos, então é necessário que esse edifício lhe seja acessível, e é inaceitável para qualquer um de nós que tal não ocorra.

Assim como é inaceitável que, sendo a Língua Gestual Portuguesa uma língua oficial em Portugal, não seja ensinada nas escolas.

Enfim, inclusão é um processo onde cada um de nós, criança ou adulto, tem um papel ativo, pois quando a criança goza com o colega que tem deficiência ou quando o adulto aprova um edifício sem acessibilidade, ou quando não dá emprego porque tem uma deficiência, está a discriminar, isto é, está a impedir que a pessoa com deficiência usufrua dos seus Direitos (que são iguais aos das restantes pessoas)!

Incluir não é tratar todos da mesma maneira, incluir é criar as condições que apoiem a pessoa com deficiência a usufruir das mesmas oportunidades dos restantes.

“Se tu fosses eu?” procurou despertar a consciência daqueles com quem se cruzou para a simplicidade do conceito de inclusão: incluir é, apenas, eu fazer aos outros o que gostava que me fizessem a mim, se tivesse uma deficiência!

Nestas 55 entidades e empresas desafiadas (atendendo que foram envolvidos alunos de 3 Agrupamentos), participaram mais de 200 pessoas e foram assinadas Declarações de Compromisso, onde cada um referiu o que poderia fazer pessoalmente para cada dia ser mais inclusivo e respeitador dos Direitos de todos.

O projeto terminou com a realização de uma festa em cada um dos três concelhos, onde participaram entidades convidadas e estiveram presentes parceiros e representantes das três Câmaras Municipais, principais pilares para que o projeto se concretizasse.

Estes momentos festivos são sempre uma demonstração de como é fácil partilharmos os nossos talentos, sem olhar a diferenças, de idades ou outras. Como é fácil, afinal termos uma atitude inclusiva!

– Se tu fosses eu?

 – Basta questionarmo-nos uma vez por dia… se a tua história de vida fosse a minha, como gostaria de ser tratado/a?

Já pensou?… Se tu fosses eu?

Marina Teixeira,  Diretora Técnica

Projeto cofinanciado pelo INR, I.P.

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